“Óóóóleoooo!”

“Óóóóleoooo!”

Era no gogó, até que Diego Robson, 35, descobriu o megafone que grava, reproduz e amplifica o seu pregão. “Coletamos óleo de cozinha usadooooo!”

“Agora eu economizo a garganta”, alegra-se.

O megafone ele descobriu um dia em uso com uma vendedora e daí para adquirir o seu bastaram noventa reais.

É movido a bateria, que dura em torno de seis ou sete horas. Quer dizer que lá para as duas, três da tarde arria, e aí o gogó volta à ativa. “Óóóóleoooo!”

A coleta pela região do Ipiranga acontece de vinte em vinte dias, mais ou menos. O conteúdo é levado para venda na fábrica Resióleo, em São Mateus , na zona leste.

Formou freguesia no Ipiranga, que para ele guarda o resíduo. Para esses, retribui a cortesia com pedras de sabão que ele mesmo faz com o óleo que coleta.

Também recebe outras ajudas, como a da senhora que, além do óleo usado, lhe trouxe também duas garrafinhas plásticas com água gelada. Que bafo está nesta tarde!

Já são três anos nessa lida, que avaliou como positiva. Tem pagado a pensão da filha de 15 anos e mantido a casa com que mora com o filho de seis anos. “Ele prefere morar comigo do que com a mãe.”

Agora economiza para comprar um automóvel e melhorar sua capacidade coletora.

“A partir do momento em que você trabalha honestamente, Deus honra”, testemunha.

Honrado o trabalho dele. Honrada sua filosofia de levar a vida.

“Tudo, tudo é um processo na vida. Tem que batalhar muito, enfrentar muita dificuldade para obter a vitória lá na frente. Tem gente que desiste na primeira dificuldade. E tem gente que vê só o resultado da sua luta, não viu tudo que a gente passou para chegar até ali.”

Assim, se um dia o Diego surgir pelas ruas ipiranguistas ao volante de um carrinho ainda que surrado, lembre-se daquele dia, daqueles tantos dias que ele enfrentou sol e chuva empurrando a pé o seu modesto carrinho de coleta.

“Mas agora o senhor me dá licença que preciso trabalhar.” E lá foi ele coletar.

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